Era Uma vez em Hollywood — Review do Livro.

Tarantino destrói e reconstrói o seu ultimo filme num livro que serve como guia cinematográfico.

Fausto
3 min readSep 7, 2021

Os roteiros de Quentin Tarantino mudaram o jeito de fazer filmes logo no começo dos anos noventa com Cães de Aluguel (1992) e com o seu cultuado Pulp Fiction (1994), ele mesmo diz em uma entrevista ao podcast de Joe Rogan que criou um subgênero nos filmes de gângsteres. Toda a conversa flui algumas vezes com qualquer conversa que temos no dia a dia, como falar sobre o tempo, de uma partida de futebol, ou sobre uma música legal. Mesmo que algumas conversas sejam mirabolantes demais e de um nível de intelectualidade que chega a ser engraçada.

Todo seu trabalho teve uma influência gigantesca dos livros de Elmore Leonard, tanto nas construção dos personagens como em uma introdução cool e histórias que se entrelaçam numa linearidade que parece confusa e se acerta. Por isso para um roteirista que venceu por duas vezes o óscar da academia por Pulp Fiction já citado e Django livre (2012), escrever um livro seria um trabalho totalmente diferente, com esse currículo ainda esperamos muito do senhor Tarantino?

Os anos 60 de Tarantino.

Nos anos 60 era normal um filme que fez sucesso comercial ter uma adaptação nas livrarias escrita pelos próprios roteiristas do filme, isso até o próprio Tarantino no livro explica em algumas linhas. Ele também nos coloca dentro dos anos 60 de uma Hollywood em seu novo auge, com hippies pegando comida no lixo, o gênero Western morrendo, o fim dos grandes estúdios com a ascensão dos diretores independentes como Roman Polanski e festas na mansão da Playboy. No livro você tem essa imersão, andando pelas mansões até os sets de cinema.

Ele nos faz o mesmo com os personagens do filme, conseguimos entender toda a história da série que Rick Dalton contando toda intriga da saga de Johnny Madrid, toda história do personagem favorito do escritor, Cliff Burton, ele possui capítulos inteiros sobre suas historia de guerra e quantos japoneses ele matou, suas transas, seus trabalhos mais loucos, e todo seu amor pelo cinema europeu, especialmente Akira Kurosawa e o seu ator favorito Toshiro Mifune. Além de explicar a saga do que ele fez com a sua esposa no barco de férias num verão maluco.

Além do filme.

O melhor mesmo é a química que ele traz melhor com Rick Dalton o personagem de Leonardo de Caprio e Trudi Fraser a personagem de Julia Butters a garotinha metida a atriz especialista em atuação, a interação dos dois é maior e melhor do que a do filme, ela tira o melhor do vagabundo ator que está triste por que está no meio do nada e ele a inspira de um modo insano.

O fim violento do filme é explicado em um capitulo com se fosse um acontecimento corriqueiro, o livro possui mais sentimento que o filme, trazendo tudo que eles deixaram para trás com erros das suas vidas, no final tudo é uma linda troca de paixão pelo cinema.

Que venha muito mais Tarantino.

No final Tarantino erra em algumas referências, criando o erro do escritor estreante em juntar uma coisa com a outra com as palavras “como aquilo” “como não sei o que”, ou interações até por vezes bregas e diálogos maiores e tediosos do que qualquer filme que ele fez, mas no final eu quero mais, quero mais livros, uma peça de teatro que venha para o Brasil e todos os outros projetos dele.

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Fausto

Análises frias, as vezes com um pouco de ódio e profundidade ousada sobre Cinema, livros e hq´s🎬📝🖊️ | intagram: @CineFausto7