Duna — Review do Livro.

Um épico de proporções bíblicas e desérticas.

Fausto
4 min readDec 8, 2021

Na bíblia os judeus atravessaram o deserto no antigo testamento e no novo, um messias aparece para alterar toda a história da humanidade, em Duna, todas essas mitologias se embaralham em meio a guerras de poder, luta por liberdade ou somente por sobrevivência.

No contexto todo esse épico nos é apresentado em três tomos, como uma resenha simples igual a esta, nos é entregado a questão inicial e toda a sua problematização, depois lemos uma argumentação embasando em todo o seu desenvolvimento até chegarmos na proposta final que fecha essa história com muito mais para se contar e explorar no universo de seu criador Frank Herbert.

O desenvolvimento de uma saga.

Em primeiro plano temos um background gigantesco que só nos é apresentado ao longo da leitura, em o Senhor dos Anéis por exemplo, temos glossários, mapas e até árvores genealógicas de famílias, em Duna apenas a citação e o nosso entendimento garante um mergulho mais fundo dentro de toda essa saga da Casa Atreides contra todo o universo. Desta forma no geral entendemos que eles possuem a missão de cuidar do planeta Duna, um deserto sem fim que possui a maior iguaria do universo, a especiaria, que é utilizada para tudo nesse universo, o petróleo deles assim por dizer, mas nos últimos 80 anos, a Casa inimiga deles, os Harkonnen, tem dominado o planeta com mão de ferro e mesmo a pedido do imperador que controla todas as casas, os seus inimigos não deixaram o planeta com tanta facilidade.

Além disso, nós é apresentado as guildas menores e seus personagens, Bene Gesserit e os Mentats, as bruxas e os computadores vivos respectivamente, todos eles trabalham para os duques, barões e os mais privilegiados das casas, tornando-se peças chaves para esta guerra política em que o personagem principal Paul Atreides e sua mãe Jessica Atreides tentam sobreviver, dois personagens chave que nos fazem entender junto a cultura do povo que vive em Duna, os honrosos e misteriosos Fremens.

O oráculo do deserto.

O livro realmente é para quem gosta de política e religião, Herbert não detalha muito a ação, mas sim os atos que a criam, muitas vezes você fica lendo sobre assuntos de política interna e externa, criando uma interação ainda maior com o seu universo como se você estivesse sentado na mesa ao lado do Duque Leto enquanto escuta Gurney Halleck tocando o seu Baliset, ou por entre as sombras escutando toda as tramoias e desejos bizarros sexuais do que pra mim é o personagem mais interessante Barão Harkonnen e por vezes o seu sucessor e sobrinho Feyd-Rautha. Seja como for você encontra grandes diálogos e previsões muito cabíveis de um futuro que nunca chegará.

Por vezes caímos nos pensamentos dos personagens que parecem que servem como barriga para essa grandiosa história, não são tão bem colocadas como uma obra noir e o pensamento dos personagens que da alguma ação, mas sim como um anime enlatado que nos faz ler um pensamento óbvio da ação que aconteceu ou vai acontecer de qualquer modo. Outro problema nítido é que o livro parece não chegar a lugar nenhum em algumas etapas, a bíblia possui um sistema parecido, mas com a desculpa que foi escrita por várias pessoas diferentes, aqui Frank Herbert dá muita ênfase as vezes para o nada e deixa a obra um pouco sem coração, exemplo, o amor de Chani por Paul.

A mente do clássico.

É evidente do momento em que você toma a obra, toda essa história sobrepõe o seu dia a dia como uma ampulheta cheia de areia, assim Duna se torna um clássico instantâneo, com todas as vertentes que fazem um, menos uma língua local, mas casas, guerras, famílias, nomes e todas as idiossincrasias que um épico pode apresentar. Dessa maneira assistir um filme baseado na obra, depois de uma série estanha e um filme horrendo, é difícil pra você que conseguiu e gostou de ler Duna, não se aprofunde cada vez mais nessa areia movediça que o autor criou para nos fisgar.

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Fausto

Análises frias, as vezes com um pouco de ódio e profundidade ousada sobre Cinema, livros e hq´s🎬📝🖊️ | intagram: @CineFausto7